Descomissionamento
É uma palavra cara, mas que nos é muito cara. Aplicado às barragens, quer dizer remoção ou adaptação.
Ao contrário do que acontece no nosso país, onde ainda estão em construção e planeadas várias barragens, por todo o mundo existe um movimento contrário: Suécia, Reino Unido, Espanha, França e os Estados Unidos da América já retiraram mais de 4955 dos seus rios. E até os nossos vizinhos ibéricos já passaram a marca das centenas.
A principal razão para remover ou adaptar uma barreira é quando esta se torna obsoleta. Com isso, os peixes voltam a conseguir migrar e aumentam os seus territórios de alimentação e reprodução; os animais voltam a conseguir atravessar albufeiras, repovoando territórios onde se encontravam extintos; podem-se reflorestar com fauna autóctone os milhares de hectares que estavam submersos; e os humanos voltam a usufruir das potencialidades económicas, de lazer ou de transporte de um rio livre.
No nosso site podes ficar a conhecer tudo sobre Descomissionamento, com documentários, notícias e links úteis.
Em Portugal
Ao contrário do que acontece noutros países, aqui (ainda) não existe um plano nacional de remoção de barragens. Em 2016, o Governo decidiu constituir um grupo de trabalho para identificar barreiras obsoletas (do qual o GEOTA faz parte) mas o seu trabalho ainda nem sequer foi concluído.
No entanto, na sessão de lançamento da Rede Douro Vivo – coordenada pelo GEOTA – o Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, anunciou a remoção de duas barragens no nosso país.
Não indicou quais seriam, mas informou que se encontram na bacia hidrográfica do Douro.
Contamos contigo para continuar a pressionar as autoridades no sentido de mapear e descomissionar todas as barreiras obsoletas nos nossos rios.
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Na Europa
Em abril o projeto Rios Livres GEOTA participou, em Madrid, num seminário sobre remoção de barragens.
A organização esteve a cargo da AMBER (Adaptive Management of Barriers in European Rivers) e da DRE (Dam Removal Europe).
Das várias apresentações (que podem ser descarregadas aqui e cujos vídeos podem ser vistos aqui), ficámos a conhecer melhor casos práticos, planos nacionais de descomissionamento e vantagens ecossistémicas da remoção de barragens.
Remoção cidadã
O que mais nos impressionou foram os exemplos de “remoção cidadã”. Ou seja, quando comunidades, coletivos e pessoas comuns se juntam para desmantelar barreiras, às vezes com as próprias mãos . E são muitos os exemplos, como este que está a acontecer em Espanha, no Rio Bornova, afluente do Tejo, promovida pela APCR (Asociación de Pescadores por la Conservación de los Ríos):
Se quiseres ajudar a que mais grupos de cidadãos e cidadãs consigam remover barreiras obsoletas, contribui para o Crowdfunding da Dam Removal Europe.
Visita de campo
No segundo dia, fomos ao terreno conhecer exemplos do já extenso Programa Nacional espanhol de Remoção e Adaptação de Barreiras Transversais.
Começámos por uma adaptação – a construção de uma escada para peixes ao lado de um açude (by-pass), em Valdemaqueda, no Rio Cofio, afluente do Tejo:
E depois o local onde outrora existiu uma barragem de 22,7 metros, naquela que foi uma das maiores remoções feitas na Europa, em Robledo de Chavela, também no Rio Cofio.