A equipa Rios Livres GEOTA esteve recentemente reunida em Amarante com jornalistas estrangeiros e ativistas locais, interessados sobre a polémica que envolve a barragem de Fridão.
Recordamos que o projeto de construção se encontra suspenso há 3 anos para reavaliação da sua necessidade energética, até 18 de abril de 2019, data em que o Governo tomará uma decisão sobre o seu cancelamento ou construção.
GEOTA prepara Campanha contra a construção da barragem de Fridão.
Como parte das ações programadas para a campanha que o GEOTA está a preparar, foi organizada uma visita com jornalistas internacionais pelas regiões que poderão vir a ser afetadas, caso a construção da barragem seja aprovada.
O objetivo desta visita foi demonstrar o potencial que um rio livre, o Tâmega, pode trazer às populações locais, ao turismo e à economia da região.
Para tal, foram organizadas várias atividades durante a visita desde: uma descida de rafting pelo rio Tâmega (percurso Mondim de Basto a Celorico de Basto); um conjunto de apresentações sobre o Programa Nacional de Barragens e Fridão, que contou com a participação da Presidente do GEOTA – Marlene Marques, o Presidente da Assembleia Geral do GEOTA – João Joanaz de Melo e a coordenadora do projeto Rios Livres – Ana Brazão. Terminando com um encontro que contou a presença de alguns ativistas locais de Amarante.
Para demonstrar o potencial que um rio livre pode também trazer para a agricultura e gastronomia local, foram organizados almoços em restaurantes locais, em Amarante e Mondim de Basto, bem como uma prova de vinhos na Quinta das Escomoeiras, em Celorico de Basto.
Uma quinta considerada por muitos como “um pequeno paraíso nas margens do Rio Tâmega”, que, além da produção de vinhos e produtos regionais, também explora o seu potencial através do alojamento local e do enoturismo. No entanto, a construção da barragem de Fridão poderá ameaçar a Quinta das Escomoeiras, fazendo com que a mesma perca cerca de 60% da sua composição para as águas da albufeira de Fridão.
Estivemos também à conversa com o responsável pela Quinta das Escomoeiras, Fernando Fernandes, que é também uma voz ativa contra o projeto de construção da barragem.
Sobre a barragem de Fridão
Faz parte do polémico Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH), lançado por José Sócrates e Manuel Pinho, em 2007. Concessionada à EDP, a sua construção encontra-se suspensa há 3 anos, para reavaliação da sua necessidade energética, até 18 de abril de 2019, data em que se tomará uma decisão sobre o cancelamento, ou construção, desta barragem. No entanto, até agora, não são públicas quaisquer diligências do Estado nesse sentido, quais os critérios da decisão ou como é que esse processo deve ser feito. O Primeiro-Ministro, como o Ministro do Ambiente, aquando questionados, refugiam-se na data para a tomada de decisão.
O centro de Amarante vai estar em Zona de Autossalvamento…
A ser construída, a albufeira da barragem de Fridão estaria sobre uma zona com atividade sísmica ativa, apenas a 6km do centro da cidade de Amarante, distrito do Porto. Em caso de colapso da barragem, o tsunami chegaria ao centro da cidade em cerca de 13 minutos, pelo que não haveria tempo suficiente para um plano de evacuação da Proteção Civil. Segundo o Regulamento de Segurança de Barragens, isto torna a cidade numa zona de autossalvamento.