Enquanto degradamos e sobre-exploramos os recursos naturais, existe uma destruição dos serviços que o ecossistema providencia, como é exemplo a disponibilidade de água potável. Mas a persistência da escassez advém também da insistência em encontrar soluções baseadas na tecnologia, que na maioria das vezes ficam aquém dos serviços que a natureza nos fornece gratuitamente.
Através do PRR, o governo português prevê o investimento na dessalinização da água do mar. Este processo tem importantes impactos ambientais, uma vez que, para além de consumir grandes quantidades de energia, os subprodutos decorrentes da dessalinização são tóxicos para a natureza e para a biodiversidade. Ao optar por esta solução, é da maior importância que seja assegurada a correta gestão e tratamento dos resíduos que dela provêm.
Acima de tudo, a visão do GEOTA é que o investimento no combate à escassez de água deveria ser a promoção de estratégias que assegurem a utilização de menos água e de forma mais eficiente. Para tal, salienta-se a hipótese de transitar para formas de agricultura menos dependentes da água e o aumento da eficiência energética.
A reutilização da água foi uma medida proposta pela Comissão Europeia, em 2018, que visa aliviar a escassez de água em toda a União Europeia, no contexto da adaptação às alterações climáticas, assegurando que as águas residuais tratadas destinadas à irrigação agrícola são seguras, protegendo os cidadãos e o ambiente.
Neste sentido, a reutilização da água é uma alternativa viável. Contudo, na União Europeia e, especificamente, em Portugal, de acordo com a Comissão Europeia, esta solução está ainda muito abaixo do seu potencial, apesar do impacto ambiental e da energia necessária para extrair e transportar água doce ser muito maior, como comprovado no documento “Water reuse: Commission proposes measures to make it easier and safer for agricultural irrigation”, partilhado pela Comissão Europeia.
O investimento nesta solução garante um abastecimento de água alternativo e fiável para a agricultura, enquanto reduz custos económicos e ambientais relacionados, por exemplo, com a construção de novas barragens para abastecimento.
