Ameaças aos rios e ecossistemas de água doce

by | Nov 21, 2023

Alterações climáticas

A nível global, as alterações climáticas não só alteram os padrões ambientais, como levam também à ocorrência de eventos climáticos extremos – como secas e cheias. Segundo um relatório das Nações Unidas, cerca de 74% dos desastres naturais entre 2001 e 2018 estão relacionados com a água. Os países mediterrânicos, como Portugal, são criticamente vulneráveis ao aumento da escassez de água provocada pelas alterações climáticas. Neste contexto, é importante sublinhar que o principal fator responsável pelas alterações climáticas é a atividade humana, responsável pela destruição de ecossistemas naturais, pela conversão de florestas em sistemas agrícolas de monoculturas intensivas, pelo consumo excessivo de recursos escassos como a água e pela destruição de habitats únicos, como é o caso dos rios e do montado de sobro e azinho.

Para mitigar os efeitos das alterações climáticas é essencial uma boa gestão e planeamento dos recursos hídricos, que infelizmente não tem sido a realidade

Práticas Agrícolas não Sustentáveis

Em Portugal, 74% da água é consumida pelo sector agrícola. Para além da dependência excessiva da água, o uso inadequado do solo leva à degradação dos recursos hídricos e a uma maior suscetibilidade para eventos de seca, cenário que se tem vindo a agravar no contexto das alterações climáticas. Há uma profunda falta de articulação entre políticas de agricultura e estratégias de conservação e restauro de ecossistemas, e há uma necessidade enorme de se passar a seguir diretrizes europeias que promovem o restauro dos ecossistemas fluviais, e não a sua degradação, e a transição para formas de agricultura mais sustentáveis, que utilizem menos água, e não impliquem a construção de barreiras.

Barreiras à conectividade Fluvial

A maior das ameaças atuais aos ecossistemas de água doce é a criação de barreiras à conectividade fluvial, por barragens, por açudes, ou por outro tipo de barreiras. Estas barreiras impedem o livre fluir da água, e impedem também a passagem de peixes e de sedimentos, e o funcionamento dos processos físico-químicos naturais.

De facto, as grandes barragens, os açudes e vários outros obstáculos construídos no curso dos rios, durante as últimas décadas, interrompem os percursos migratórios de várias espécies de peixes e são a principal ameaça à sua sobrevivência. Nos últimos anos, na Península Ibérica, só a lampreia-marinha perdeu 80 por cento do habitat, havendo muitas outras espécies altamente ameaçadas.

Precisamos de refrear a criação de barreiras à conectividade fluvial, pois estas causam uma enorme pressão, não permitindo a manutenção dos ecossistemas de água doce e da sua biodiversidade, fazendo com que várias espécies de peixe que consumimos tradicionalmente desapareçam, e favorecendo a introdução de espécies exóticas.

Em Portugal, estimamos ter cerca de 13000 barreiras à conectividade fluvial. Muitas destas barreiras estão obsoletas, ou seja, estão velhas e não têm uso no presente. Infelizmente, Portugal não tem um programa de remoção sistemática de barreiras, uma realidade noutros países da europa e do mundo.

Hoje em dia, apesar das diversas diretrizes europeias em contrário, Portugal tem vários programas e projetos que planeiam a construção de barragens para regadio. São exemplos disso o Programa Nacional de Regadios, o Projeto Tejo, e a Barragem do Pisão, financiada pelo PRR.

Poluição

Outra das grandes ameaças é a poluição dos nossos rios, que ameaça fortemente os habitats e a biodiversidade, e limita o acesso de humanos e outras espécies à água potável

 

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