ESTRATÉGIA ENERGÉTICA PARA SALVAR RIOS
“O caminho para uma transição energética mais eficiente em Portugal depende da criação de um pacote coerente de medidas com uma direção clara e que forneça meios adequados à sua implementação de forma transversal a todos os setores da sociedade”
João Joanaz de Melo, investigador da FCT NOVA.
Será o modelo energético português sustentável? Quais as problemáticas associadas à construção de barragens? Fará sentido deixar-se de apostar na construção de barragens hidroelétricas em prol da aposta na poupança energética e em outras alternativas renováveis? Qual o risco de deixarmos de ter Rios Livres em Portugal?
O Estudo Estratégia Energética Alternativa, um trabalho de investigação desenvolvida pela FCT NOVA, no âmbito da Rede Douro Vivo respondeu as questões enunciadas.
O estudo salientou a elevada dependência do sistema energético português em combustíveis fósseis (75 a 80% dos consumos), uma intensidade energética acima da média europeia e que nos últimos anos não melhorou. Assinala-se ainda um excesso de capacidade instalada na rede elétrica, criado com base em previsões de crescimento ilimitado — que não são previsíveis face à evolução tecnológica, nem são admissíveis numa perspetiva de sustentabilidade.
Aponta ainda o potencial economicamente interessante de poupança de energia, através de medidas de eficiência energética, que atinge os 25-30%, em todos os sectores de atividade (habitação, serviços, indústria e transportes). Indica que este potencial não tem sido posto em prática por défice de informação e por falta de acesso a meios financeiros por parte dos interessados, especialmente de famílias e PME.
Tal deve-se em parte a políticas energéticas tradicionalmente focadas na gestão da oferta de energia, à falta de ambição e eficácia na promoção da eficiência energética, a uma política de transportes focada na construção de infraestruturas, com predomínio da rodovia, e na ausência de uma estratégia integrada para a mobilidade, resultando em que os veículos particulares dominam o transporte de passageiros e a rodovia o transporte de mercadorias.